quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mulheres: De Quebra-Galho para Quebra-Tudo


Adolescência, fase das mudanças, descobertas, desejos, alegrias e decepções. Momento em que os sentimentos acontecem como um vulcão em erupção e os hormônios ganham vida e falam por si mesmo. Sabe aquela época do colégio, em que os grupinhos são divididos na hora do “recreio” e designados como a turma dos meninos e a turma das meninas, também conhecidos como clube do Bolinha e clube da LuluZinha?

Como qualquer adolescente eu passei por tudo isso e confesso que apesar da diferença entre os sexos que vêm lá de trás, da infância, eu sinto saudades.

Acontece que não tem nada mais chato do que ficar separado do sexo oposto, isso vai contra uma das principais leis da física onde os opostos se atraem, é nessa hora que entra a questão dos hormônios falando por si mesmo. Desde então eu tentava me enturmar com os meninos, na luta para romper de vez a barreira construída no passado por uma sociedade preconceituosa. Minhas amigas e eu nos aproximávamos cada vez mais deles, a fim de conhecer, conversar e, claro, paquerar, eu sempre gostei de fazer isso, e confesso que ainda gosto!

Com o tempo as diferenças foram desaparecendo, o grupo passava a ser um só e já não mais existiam diferenças entre homens, mulheres e suas capacidades, ao contrário, quando não estávamos todos juntos nos intervalos sentíamos falta, um vazio, se bem que nem tudo eram flores não, sempre existia um moleque “bobão” para fazer a piadinha infame do momento e expondo a sua verdadeira idade mental, aliás, piadinhas infames são o que os homens sabem fazer de melhor com as mulheres, principalmente se forem loiras, e se forem mulheres loiras e responsáveis por fora em algum desses “bobões” então, agüenta a dor de cotovelo!

Um pouco mais tarde entrei para a faculdade e passei a morar com duas amigas em uma república. Foi lá que conheci um rapaz especial, não posso negar ele era lindo, inteligente e gentil. Minha avó foi a primeira a me incentivar a ir fundo na paquera afinal, a sua neta não poderia perder aquele “broto”.

Então, diante de uma campanha feita da mais pura pressão psicológica, especialmente para tentar futuramente casar a moça de família com o “broto bom partido” da universidade, fui afetada sem perceber e comecei a aprender receitas, a costurar, lavar e a fazer coisas de dona de casa mesmo, eu era praticamente um livro ambulante da Sebastiana Quebra - Galho. Que loucura! Loucura porque eu estava hipnotizada pelas crendices da minha avó e alienada pela mais medíocre inconsciência, acreditando veementemente que a mulher nascera para servir o homem, uma perfeita alusão ao conto da carochinha.

Apesar de muita lenda na relação entre homens e mulheres, existem duas verdades, a primeira é que aquele relacionamento não durou nem cinco encontros e a outra é que ainda não encontrei algum homem que merecesse a submissão de uma mulher ou a sua total devoção.

Algumas mães ainda criam suas filhas à sua imagem e semelhança e ensinam o que acreditam ser o valor mais importante em uma família, o respeito. Respeito ao pai, aos irmãos, aos maridos, aos homens, homens e homens, sempre os homens. O que essas mães não sabem é que esse respeito não é mais do que o silêncio da humilhação gritando, do que a voz da subordinação calando e não deixa de ser também a resposta das incertezas que não explica nada.

Vai ver que é por isso tudo que a família vem sendo reconhecida como a instituição falida, falsa, carente e desamparada, por causa da ideologia antiga e machista que, vergonhosamente, em pleno século XXI, é passada por músicas, escolas, igrejas e novelas. No entanto, enquanto não existir uma mudança de paradigma será totalmentente paradoxal acreditar que a mulher, dona de casa, é feliz por ser quem é, por ser a mulher que em sonhos quebra tudo, mas que na vida real apenas quebra galho.



Por Evelyn Jardim

4 comentários:

Roger disse...

maravilhoso......
só um comentário
vc falou no texto q não encontrou nenhum homem q merecesse submissão
eu só conheço 1 e nem homem é.....o resto, nem pensar
mulher boa pra mim não é submissa... é parceira, companheira
e ser carinhosa e amorosa não é ser submissa
só estou manifestando a minha opinião... eu entendi o seu blog....achei muito bom
parabéns

Unknown disse...

Olha... rsrs
Perfeitas suas colocações... Em todas as relações na vida, seja amizade, coleguismo, carinho, amor, no trabalho em fim... só funcionam se tivermos respeito um pelo outro... Submissão nunca foi bom, nunca será... Claro q como em tudo na vida, um lado cede mais do que o outro, mas são momentos... Temos q caminhar junto com a pessoa q estamos, e não puxar ela pela mão... seja pra frente, seja para trás...
Para concluir: Deus, qdo terminou de "criar" o homem, parou... pensou... e disse: "Posso fazer melhor!!!" Daí "surgiram" as mulheres!!!
Bjo a todas e parabéns pelo Blog !!!
Tiago Correa

Unknown disse...

Prezada PodeRosa

Penso que uma relação afetiva e conjugal tem, necessariamente, ser de cumplicidade, amor, respeito, carinho e pela busca da felicidade do outro. E não da nossa satisfação e felicidade. O homem e a mulher, não necessariamente nessa ordem; têm que promover o bem estar, conforto e felicidade de seu par.
Porém, inegavelmente, até porque é bíblico, o homem é a "cabeça da casa". Isso não quer dizer, que a última palavra tem de ser a dele, mas a liderança cabe ao homem. Na hora de "levar o primeiro tiro", pegar "o touro à unha", é o homem que deve estar à frente. E também numa situação de impasse, ele decide. A mulher não tem que ser uma "amélia" (até porque nenhuma mulher, hoje, o é). Mas não tentem ser o "homem" da casa; nem botar banca de "independente", pois em
qualquer outra situação que não em que não prevaleça a liderança do homem,pode ter certeza: a relação dará "com os burros n'água".
Sou casado há mais de 30 anos, e até hoje abro a porta do carro para minha esposa, namoro-a, desejo-a, faço-lhe galanteios, procuro conquistá-la todo dia, faço-lhe mimos. Declaro meu amor por ela todos os dias.Sempre procuro surpreende-la, e faze-la feliz. E isso implica ceder em alguns casos, em que ela me convence que eu estou errado.
Se vocês não encontram mais homens assim, que as respeitem como uma parceira, irmã, companheira, cúmplice, amante e amada; é porque estão há décadas procurando igualar-se aos homens, a tornarem-se auto-suficientes e independentes. Perderam a feminilidade e a delicadesa. Vocês não procuram "andar junto" com o parceiro/companheiro/marido, mas condicionaram-se a competir com os homens. Vocês não exigem mais que eles abram as portas para vocês entrarem ou sentarem-se em um carro. Vocês devem exigir que eles desçam dos carros para abriri os portões quando pararem o carro em frente ao mesmo. E não descer e fazer um papel que é deles. Exijam isso.
Voltem ao original. Sejam fêmeas, mulheres, amigas, amantes, companheiras, irmãs e todos os predicados de uma mulher verdadeira, que vocês verão os homens voltarem a ser cavalheiros e carinhosos.
Felicidades PodRosa.

Fábia Zuanetti disse...

Texto divertido e cheio de verdades!
E gostaria de comentar dois pontos:
1º -> de fato, e infelizmente, muitas pessoas ainda confundem respeito com submissão.
2º -> Também passei por isso e acho que toda mulher passa em algum momento de sua vida. Tem planos para se tornar uma Quebra-tudo e, de repente, se vê quase abrindo mão disso para se tornar uma Quebra-galho (ainda bem que acordei a tempo, ufa...).

Ao observar os acontecimentos, passei a acreditar que não são as mulheres que devem ser as devotas aos homens, e sim o contrário. Agora, já não penso mais assim. Cheguei a conclusão que as mulheres não precisam de devotos. Que, principalmente nos dias atuais, procuram aprender tornar a Quebra-tudo em uma pessoa real.
E acredito que um dos aspectos que mais dificultam a formação de uma instituição familiar saudável e harmonisa, é que está difícil - muito difícil - encontrar um homem que esteja à altura ou seja melhor que nós humildes mulheres.