quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mulheres Negras e a luta pela igualdade racial


Discutir o papel da mulher negra no Brasil e a posição em que ela é frequentemente inserida, seja na mídia ou em trabalhos seculares, torna-se cada dia mais relevante porque somente através dos debates estendidos à sociedade, as reflexões começarão a surgir, podendo então surgir um povo participante, e não somente ouvinte, telespectador das questões sociais no nosso país, temas estes muitas vezes deixados de lado talvez por incomodarem uns e outros.

Princesa Isabel assinou a lei Áurea e desde então, a mulher negra luta com mais liberdade por espaço, igualdade e respeito o que não tem sido fácil, mas avanços podem ser notados e estes se devem principalmente a união dos movimentos negros, Ongs e Associações motivadas pelo objetivo de ainda ver plena igualdade racial neste país.

Basta observar ao redor com um olhar pouco mais crítico que encontraremos algumas das “diferenças” raciais ou digamos, veremos que a mulher negra continua sendo maioria em determinadas funções, por exemplo, nos hospitais a maior parte das funções assistenciais é exercida por mulheres negras, como, auxiliares de enfermagem, enfermeiras, atendentes, técnicos recepcionistas entre tantas outras, no entanto, no início da hierarquia já temos dificuldades em encontrar negros em diretoria clinica, médicas, auditoras, aí podemos concluir que falta muito ainda.

Na imprensa televisiva, a segregação não difere muito dos hospitais, em novelas, principalmente as de horário nobre, não encontramos com facilidade atores e atrizes protagonistas de origem afro, nos telejornais, os negros já tomam seus lugares, mas as mulheres ainda são minoria e quando aparecem, estão como repórteres de rua e não como editoras e apresentadoras principais.

Essas observações acima não são estatísticas, claro, mas são vistas por aqueles que conseguem ver alem dos números oficiais.

Muitos movimentos sociais voltados à busca pela igualdade negra vem crescendo no Brasil e aqui destaco a Casa de Cultura da Mulher Negra, situada em Santos, bem próximo da grande capital. A casa auxilia mulheres negras juridicamente, mulheres e crianças vítimas de violência racial e doméstica, na educação já produziram campanhas que estimulavam educadores a construir um ensino anti-racismo.

Outra contribuição da CCMN é dentro da área de comunicação, com a revista Eparrei, noticias sobre arte, saúde, entrevistas, agenda de eventos em todas as cidades que envolvem os interesses afros descendentes, são assuntos freqüentes. Diferente de determinadas revistas que falam apenas da mulher negra como um símbolo sexual, ou mulher que só cuida da parte externa do seu corpo, como, produção do cabelo, maquiagem adequada, a Revista Eparrei tem fundo político e tornou-se um instrumento que fala e reivindica pela causa negra.

Enquanto o Brasil não ver hospitais repletos da pluralidade racial, mídia seja ela impressa, televisiva ou radiofônica, lotados de profissionais negros, cultura africana nas escolas e até que vejamos Negras pilotando aviões e não somente servindo os passageiros, continuaremos a lutar e discutir sobre a igualdade neste país. Não basta celebrar a vitória do Obama, nos alegrarmos com a pseudo vitória do nosso vizinho, precisamos nos alegrar com nossas próprias conquistas, para isto, vamos ter de rever conceitos os conceitos hipócritas que nos cercam e fingem desconhecer o racismo existente.

Ivy Garcia


4 comentários:

Antonio Carlos disse...

Ivy, 1º vou te dar os parabens pela iniciativa, de fazer aquilo que vc. escolheu, que é jornalismo.

2º Tem um ditado chinês que diz o seguinte; "uma grande caminhada começa com o 1º passo"...Pense nisso e siga em frente......

Janaina Pereira disse...

poderosa Ivy!
adorei!!!

beijocas

Decos e teus pinceis mágicos ... disse...

adorei tudo que vi.bjs meninas e parabéns pela tão nobre iniciativa.

Decos e teus pinceis mágicos ... disse...

adorei tudo que vi.bjs meninas e parabéns pela tão nobre iniciativa.